segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Monotrilho verde para a zona leste

27/02/2012 - Diário do Comércio

O projeto paisagístico sob o monotrilho prevê corredores verdes, com ciclovia e bicicletários nas estações

Por André de Almeida

O prolongamento da Linha 2 – Verde do Metrô, que ligará a Vila Prudente à Cidade Tiradentes, em sistema de monotrilho, levará um ganho ambiental para a zona leste  da cidade em forma de milhares de árvores. As mudas serão plantadas ao longo da futura via. Técnicos do Metrô já cadastraram as espécies existentes no trecho entre a Vila Prudente e São Mateus. No total serão plantadas aproximadamente 12 mil mudas, cujas espécies serão definidas posteriormente. O cadastramento arbóreo do trecho entre São Mateus e Cidade Tiradentes deve começar  logo.

O projeto de paisagismo, além do plantio de árvores, inclui a criação de um parque linear de 20 mil metros quadrados entre as estações Vila Prudente e Tamanduateí, acompanhando o traçado do monotrilho. De acordo com  o coordenador de qualidade e meio ambiente das obras do monotrilho, Noel João Mendes Cossa, grande parte das mudas decorrentes da compensação ambiental será plantada na área de preservação do futuro Pátio Oratório, junto à estação de mesmo nome, onde os trens ficarão estacionados. Na área, de  quase 90 mil metros que passa por  terraplanagem, há  capacidade para  28 trens.

Cronograma – A construção do monotrilho, orçado em R$ 4,9 bilhões, foi dividida em três trechos. O primeiro, com  2,9 quilômetros e inauguração prevista para 2013, está em fase de implantação e tem  duas estações: Vila Prudente e Oratório, além do Pátio Oratório. O segundo trecho, até São Mateus, terá 10,1 quilômetros e oito estações e deve entrar em operação em 2014. O  trecho final, entre São Mateus e Hospital Cidade Tiradentes, terá sete estações e 11,4 quilômetros. A abertura está prevista para 2016.

A opção do Metrô pelo monotrilho, de acordo com o diretor presidente da companhia, Sérgio Avelleda, levou em consideração, entre outros fatores, o  menor tempo de implantação deste sistema, quando comparado ao  metrô convencional, e o atendimento pleno da demanda, pois haverá capacidade de  transporte de 48 mil passageiros/hora. "A implantação privilegia o canteiro central de avenidas, a uma altura entre 12 e 15 metros, minimizando a necessidade de desapropriações", disse.

Com velocidade semelhante à do metrô convencional, o monotrilho é movido a energia elétrica, não polui e tem  ruído operacional reduzido, já que roda sobre pneus. Ao todo, serão 54 trens, com sete carros cada. Quando estiver em operação, o percurso entre Cidade Tiradentes e Vila Prudente, que hoje leva mais de duas horas,  passará a ser feito em 50 minutos.

Paisagismo – O projeto paisagístico sob o monotrilho prevê corredores verdes, com ciclovia e bicicletários nas estações. Como os trilhos ficarão  12 a 15 metros acima do chão, a cada três metros  serão plantadas árvores que podem atingir de seis a oito metros de altura. "O  corredor ganhará uma percepção de alameda. A permeabilidade do solo irá melhorar, assim como a  qualidade do ar", afirmou Ivan Piccoli, coordenador de arquitetura, paisagismo e urbanização do Metrô.

O manejo das árvores nas  áreas do  monotrilho está adiantado. As  espécies estão sendo removidas por meio de corte ou de transplante. As primeiras mudas já começaram a ser plantadas em ruas próximas ao canteiro de obras, conforme projeto de compensação ambiental. No trecho 1, de Vila Prudente à futura estação Oratório, foram cadastradas 1,2 mil árvores. Dessas, 258 foram preservadas. Serão plantadas nesse trecho, como compensação, mais de 6,4 mil mudas.

Já no trecho 2, até São Mateus, foram cadastradas 1,7 mil árvores, das quais 761 serão preservadas. Como compensação ambiental, serão plantadas 5,6 mil mudas. "Ao final da obra, a região terá quase cinco vezes mais árvores do que tem hoje", destacou Piccoli.

Importância – Na opinião do superintendente da Distrital Mooca da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Júlio César Olivieri, o monotrilho, o primeiro a ser implantado no País, atrairá muita  gente. "As pessoas virão conhecê-lo e descobrirão o  potencial da região, podendo trazer novos investimentos para a área. O comércio próximo das futuras estações também se desenvolverá".

"A obra é, de certa forma, feia e prejudicial urbanisticamente à região, mas acredito que só trará benefícios para a população", disse Olivieri, que também é arquiteto. "É um meio de transporte rápido, barato, que acarretará poucas desapropriações e quase nenhum impacto ambiental, e com custo 90% menor em comparação a uma obra do metrô convencional."

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